19 de setembro de 2013

Mente escrava



No Brasil, o sistema escravocrata foi oficialmente abolido por meio da Lei Áurea,
em 13 de Maio de 1888, findando assim quase 360 anos de um regime atroz e inimaginável quanto de brutalidades e morticínios dirigidos contra os negros importados e seus descendentes e índios nativos.

O que vemos hoje não são mais seres humanos atados a correntes, dilacerantemente castigados em troncos ou confinados em senzalas. Testificamos da escravidão contemporânea qual esta impregnada nos diversos segmentos da sociedade, sucumbindo indivíduos á sujeição voluntária seja nos aspectos dos ditames da moda, da ditadura da beleza e do corpo, no trabalho compulsório, por ocorrências de tráfico de pessoas e por incrível que pareça e não generalizando, também é notório no exercício cognitivo da cristandade Brasileira.

Centralizando analise restritamente a este fato, esta manifestação cognitiva está explicitamente associada à mentalidade indiferente, não contestatória, ortodoxa submissa, ordeira e prioritariamente irreprimível. É a muito, mantenedora de toda sorte de escândalos e corrupções envolvendo líderes de denominações diversas. Tudo isso se fundamenta e dia a dia confirma-se mediante emprego da falácia de não poder contestar o líder. Engano este que corrobora para a produção de mentes escravas tão bem apreciadas e estimuladas por aqueles que somente querem extrair privilégios, que se esquivam de vivenciarem ética ministerial e testemunho de vida cristã.


Em dialogo informal com uma irmã em Cristo a mesma alegou-me que denunciar falcatruas envolvendo líderes de denominações cristã não é propósito do evangelho. Estive então pensando se isto é uma verdade ou meramente desculpa de uma mente que não quer envolver-se seja na opinião ou por vias outras.

Chego à conclusão que dos cristãos de conhecimento superficial sobre a bíblia, estes não sabem posicionar-se corretamente e mantem-se receosos, permitindo-se no silencio e evitando assim falar "mal" do "Ungido do Senhor".  Não diferente dos leigos, cristãos dotados de conhecimento saliente quanto à bíblia, estes, embora que nem todos, mas considerável parte, negligencia tratar destas questões externando falsa espiritualidade no intuito de calar tal assunto.

Um olhar apurado nas Escrituras Sagradas comprovará que não foram poucos os líderes ou pessoas comuns quais foram repreendidas, advertidas, censuradas e, sobretudo denunciadas pelo próprio Mestre Jesus e até mesmo por seus apóstolos.
O discurso proferido por Jesus em Mateus 23-1-33 é já uma prova incontestável de que Ele mesmo denunciou práticas malévolas de uma liderança judaica corrompida e, como Cristo é atemporal, lemos Suas repreensões e advertências direcionadas para líderes-pastores de igrejas na Ásia, em exceto para a igreja de Esmirna.

O discípulo Pedro fora advertido por Cristo para que se convertesse e confirmasse seus irmãos (Lucas 22:31-32). O apostolo Paulo em Antioquia repreendeu o já então apostolo Pedro devido à dissimulação do mesmo (Gálatas 2:11-13). Um homem foi censurado de exercer ministério em razão de inveja e iniquidade no coração (Atos 8:9-23). Davi foi severamente punido por Deus em razão do assassinato cometido contra seu servo Urias e pelo adultério com a mulher do mesmo (2ª Samuel 11:3-4 e 11:14-15).

Exposto a estas verdades, não vejo problema em denunciar, advertir ou censurar pessoas no ministério.
Somente o cristão guiado pela mentalidade escrava sustenta que não podemos expor denuncias que envolvam lideranças cristãs. O motivo dessa oposição aos que denunciam é pelo fato de não querer pensar de forma mais objetiva e bater de frente contra todas estas tramoias que solapam o trabalho honesto de expansão e difusão da obra do Reino de Deus.
Esse posicionamento indiferente e conformista é contrário à manifestação da reta justiça (João 7:24). É senão fruto podre concebido pela mentalidade escrava a qual fora treinada para ser apenas subserviente aos mandos, caprichos e heresias ditadas por líderes religiosos firmados em estatutos e regimentos internos nada plausíveis.

Uma dúvida permeia o senso da lucidez: Como é possível tudo isso acontecer de forma sistemática e contumaz e ainda sim pouco ou quase nada se é feito para mudar essa fragrante realidade?
De uma coisa tenho certeza: Enquanto o povo de Deus afixar suas mentes sucumbindo-as a posições de escravas e permanecerem indispostos a crescerem na graça e no conhecimento de Cristo Jesus, enquanto esse mesmo povo contribuir de forma inerte a toda roubalheira, ensinos heréticos e toda sorte de erros tendenciosos e propositais, enquanto esse povo não se equiparem ao passo de conhecerem e praticarem o que nos recomenda as escrituras Sagradas, corriqueiro será o que vaticinou o apostolo Pedro sobre os últimos dias: “E por avareza farão de vós comércio com palavras fingidas” (...) 2ª Pedro 2:1-3.

Manter a mente aquecida de comportamento escravo, do qual não se espera indagações, reflexões e mobilizações espontâneas e conscientes é senão posicionar-se como cúmplice de toda essa tragédia, voraz corrupção e prostituição sumária do Evangelho.


R.Matos.

Nenhum comentário: