No Brasil, o sistema escravocrata foi oficialmente abolido por meio da Lei Áurea,
em 13 de Maio de 1888, findando assim
quase 360 anos de um regime atroz e inimaginável quanto de brutalidades e
morticínios dirigidos contra os negros importados e seus descendentes e índios nativos.
O que vemos hoje não são mais seres humanos atados a
correntes, dilacerantemente castigados em troncos ou confinados em senzalas.
Testificamos da escravidão contemporânea qual esta impregnada nos diversos
segmentos da sociedade, sucumbindo indivíduos á sujeição voluntária seja nos aspectos
dos ditames da moda, da ditadura da beleza e do corpo, no trabalho compulsório,
por ocorrências de tráfico de pessoas e por incrível que pareça e não
generalizando, também é notório no exercício cognitivo da
cristandade Brasileira.
Centralizando analise restritamente a este fato, esta
manifestação cognitiva está explicitamente associada à mentalidade indiferente,
não contestatória, ortodoxa submissa, ordeira e prioritariamente irreprimível. É a muito, mantenedora de toda sorte de escândalos e corrupções envolvendo
líderes de denominações diversas. Tudo isso se fundamenta e dia a dia
confirma-se mediante emprego da falácia de não poder contestar o líder. Engano
este que corrobora para a produção de mentes escravas tão bem apreciadas e
estimuladas por aqueles que somente querem extrair privilégios, que se esquivam
de vivenciarem ética ministerial e testemunho de vida cristã.
Em dialogo informal com uma irmã em Cristo a mesma alegou-me
que denunciar falcatruas envolvendo líderes de denominações cristã não é
propósito do evangelho. Estive então pensando se isto é uma verdade ou
meramente desculpa de uma mente que não quer envolver-se seja na opinião ou por
vias outras.
Chego à conclusão que dos cristãos de conhecimento
superficial sobre a bíblia, estes não sabem posicionar-se corretamente e
mantem-se receosos, permitindo-se no silencio e evitando assim falar
"mal" do "Ungido do Senhor". Não diferente dos leigos, cristãos dotados de
conhecimento saliente quanto à bíblia, estes, embora que nem todos, mas
considerável parte, negligencia tratar destas questões externando falsa
espiritualidade no intuito de calar tal assunto.
Um olhar apurado nas Escrituras Sagradas comprovará que não
foram poucos os líderes ou pessoas comuns quais foram repreendidas, advertidas,
censuradas e, sobretudo denunciadas pelo próprio Mestre Jesus e até mesmo por
seus apóstolos.
O discurso proferido por Jesus em Mateus 23-1-33 é já uma prova
incontestável de que Ele mesmo denunciou práticas malévolas de uma liderança
judaica corrompida e, como Cristo é atemporal, lemos Suas repreensões e
advertências direcionadas para líderes-pastores de igrejas na Ásia, em exceto
para a igreja de Esmirna.
O discípulo Pedro fora advertido por Cristo para que se
convertesse e confirmasse seus irmãos (Lucas 22:31-32). O apostolo Paulo em
Antioquia repreendeu o já então apostolo Pedro devido à dissimulação do mesmo
(Gálatas 2:11-13). Um homem foi censurado de exercer ministério em razão de
inveja e iniquidade no coração (Atos 8:9-23). Davi foi severamente punido por
Deus em razão do assassinato cometido contra seu servo Urias e pelo adultério
com a mulher do mesmo (2ª Samuel 11:3-4 e 11:14-15).
Exposto a estas verdades, não vejo problema em denunciar,
advertir ou censurar pessoas no ministério.
Somente o cristão guiado pela
mentalidade escrava sustenta que não podemos expor denuncias que envolvam
lideranças cristãs. O motivo dessa oposição aos que denunciam é pelo fato de
não querer pensar de forma mais objetiva e bater de frente contra todas estas
tramoias que solapam o trabalho honesto de expansão e difusão da obra do Reino
de Deus.
Esse posicionamento
indiferente e conformista é contrário à manifestação da reta justiça (João
7:24). É senão fruto podre concebido pela mentalidade escrava a qual fora
treinada para ser apenas subserviente aos mandos, caprichos e heresias ditadas
por líderes religiosos firmados em estatutos e regimentos internos nada plausíveis.
Uma dúvida permeia o senso da lucidez: Como é possível tudo
isso acontecer de forma sistemática e contumaz e ainda sim pouco ou quase nada
se é feito para mudar essa fragrante realidade?
De uma coisa tenho certeza:
Enquanto o povo de Deus afixar suas mentes sucumbindo-as a posições de escravas
e permanecerem indispostos a crescerem na graça e no conhecimento de Cristo
Jesus, enquanto esse mesmo povo contribuir de forma inerte a toda roubalheira,
ensinos heréticos e toda sorte de erros tendenciosos e propositais, enquanto
esse povo não se equiparem ao passo de conhecerem e praticarem o que nos
recomenda as escrituras Sagradas, corriqueiro será o que vaticinou o apostolo
Pedro sobre os últimos dias: “E por avareza farão de vós comércio com palavras
fingidas” (...) 2ª Pedro 2:1-3.
Manter a mente aquecida de comportamento escravo, do qual
não se espera indagações, reflexões e mobilizações espontâneas e conscientes é
senão posicionar-se como cúmplice de toda essa tragédia, voraz corrupção e
prostituição sumária do Evangelho.
R.Matos.
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